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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A INEFICÁCIA DAS POLÍTICAS HABITACIONAIS EM RIBEIRÃO PRETO

Com a evolução dos direitos coletivos, consagrada com o advento da Constituição Cidadã, a Constituição de 1988, nada mais justo a preocupação do nosso Município em instituir em sua Lei Orgânica responsabilidades perante a sociedade.

Uma dessas preocupações vem expressa no artigo 153 do diploma já mencionado, em que é demonstrado o interesse em se melhorar as condições de moradia das coletividades caracterizadas como favelas e erradicar as sub-habitações.

Sendo assim, o Município se compromete em incentivar e apoiar iniciativas comunitárias e populares destinadas a resolver os respectivos problemas habitacionais, além de estimular a autoconstrução, a construção em sistema de mutirão e a criação de cooperativas habitacionais, bem como promover a urbanização das referidas favelas, garantindo também, a gratuidade no fornecimento de plantas para construção de casas operárias.

O momento e o assunto não poderiam ser mais oportunos, pois após um ano do trágico episódio que chocou nossa cidade, onde cerca de 700 pessoas, integrantes de mais de 230 barracos, que tiveram suas moradias e pertences demolidos, ainda aguardam uma iniciativa do poder público. Alguns regressaram para suas cidades de origem, porém os que resolveram ficar, desamparados, ocuparam um antigo campo de futebol, mantendo assim a mesma situação anterior, de ocupação irregular, vivendo em condições precárias.

Desta forma, cabe ressaltar, que há expresso na Lei Orgânica de nosso Município um compromisso em promover o bem estar da população carente, assim para que essas pessoas deixem de residir em lugares, muitas vezes inabitáveis e tenham uma moradia digna. Por este motivo, nada mais lógico cobrarmos que esse compromisso seja revertido em realidade por nossos representantes.

Sem desmerecer todo o trabalho que vem sendo realizado nos últimos anos em Ribeirão Preto, ou seja, a urbanização de algumas favelas, seja por iniciativa do poder público, como por esforços de particulares, não podemos fechar os olhos para o grande problema habitacional que assola grande parte de nossa população, espalhadas em mais de 30 favelas de nosso Município.

Certamente que nos últimos tempos o povo brasileiro deixa de ser um povo que aceita tudo o que lhe é imposto, para um povo que expressa sua opinião e demonstra sua desaprovação por meio de grandes manifestações, como os movimentos Sem Terra, Sem Teto, greves de servidores públicos e privados, e diversos outros tipos de manifestações, que vão desde as Diretas Já, os Caras Pintadas (Impeachment do Collor), até as mais recentes, como a dos caminhoneiros, motoqueiros, CPIs abordando diversos temas, como a do “Mensalão”, pedofilia, entre outras.

É a transição da Ditadura para a Democracia. E a democracia plena ocorrerá de fato, quando a sociedade, ciente de seus direitos, exercer o seu poder de voto, ou seja, confirmando a Democracia Participativa que rege nossa Constituição. Portanto, nada mais justo que o conhecimento acerca dos direitos e deveres do cidadão deixe de ser apenas privilégio de uma pequena classe.

Artigo elaborado em 2012 - Será publicado no Manual dos Direitos do Cidadão - volume 2
Graduandas do 6º Semestre do Curso de Direito no Centro Universitário Barão de Mauá
Katia Zerbini
Patricia Gomes Abreu
Talita Augusta Araújo da Silva

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